quarta-feira, 7 de março de 2012

Brasileiros de volta ao país, "Retornar é uma nova imigração"


AMANDA LOURENÇO

JULIANA CUNHA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A crise dos países desenvolvidos está levando muitos brasileiros a fazerem as malas de volta para casa. Segundo o Itamaraty, 20% dos que moravam nos EUA e um quarto dos que moravam no Japão já retornaram desde o começo da recessão, em 2008.


O relatório de 2011 sobre a população expatriada sai no fim deste mês, e a taxa de retorno deve ser ainda maior. Há tanta gente comprando a passagem de volta e tanta dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho brasileiro que o Itamaraty lançou o "Guia de Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.

O caminho de volta pode gerar depressão. É a "síndrome do regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.

Morto em 2011, Nakagawa estudava a frustração de brasileiros que voltavam ao país após uma temporada de trabalho em fábricas japonesas.

"A adaptação em um país diferente acontece em seis meses, já a readaptação ao país de origem demora dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa, viúva do psiquiatra e coordenadora do projeto Kaeru, de reintegração de crianças que voltam do Japão.

BONDE ANDANDO

Silvia Zamboni - 27.fev.12/Folhapress
O gerente de marketing Rafael Marques, 33, no centro de São Paulo

Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.

"Retornar é uma nova imigração", diz a psicoterapeuta Sylvia Dantas, coordenadora do projeto de Orientação Intercultural da Unifesp. "A sensação é de que perdemos o bonde, estamos por fora do que deveríamos conhecer como a palma da mão."

Quando voltou do segundo intercâmbio no Canadá, o gerente de marketing Rafael Marques, 33, descobriu que havia ficado para tio: "Todos os meus amigos estavam casados, com outras prioridades. Demorei meses para me situar". Resultado: deprimiu. Recuperado, hoje ele trabalha com intercâmbios.

Para amenizar o estranhamento, a analista de marketing Natasha Pinassi, 34, se refugiou nos amigos feitos durante sua vivência de um ano na Austrália: "Em pouco tempo no Brasil percebi que deveria ter feito minha vida na Austrália. Já não via graça nas pessoas e nos lugares que frequentava antes. Só conversava com brasileiros que conheci no exterior".

A família pouco ajudava: "Não pude falar o que sentia. Eu me culpava por estar sofrendo enquanto meus pais estavam felizes com minha volta", diz Natasha, que tomou antidepressivos para tentar sair desse estado.

A síndrome não é exclusividade dos brasileiros. "Em minhas pesquisas com imigrantes, percebi um sentimento geral de que o país deixado não é o mesmo na volta", diz Caroline Freitas, professora de antropologia da Faculdade Santa Marcelina. "Um português me disse não querer voltar por saber que Portugal já não estaria lá."

ABANDONO

Quem sofre de síndrome do regresso é frequentemente considerado esnobe. Parentes e amigos têm pouca paciência com quem volta reclamando: "O retorno tem uma significação para aquele que ficou. Junto com saudade, há um sentimento inconsciente de abandono, ressentimento e de inveja daquele que se aventurou", explica Dantas.

Para Nakagawa, amigos costumam simplificar o processo de reintegração: "Há uma pressão para que a pessoa 'se divirta'. Na melhor das intenções, os amigos não respeitam o tempo do viajante".

Se a família também não ajudar, o ideal é procurar um psicólogo com formação intercultural. Em São Paulo, o núcleo intercultural da Unifesp dá orientação gratuita.

Título original: De volta ao país, brasileiros sofrem 'síndrome do regresso'.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1055239-de-volta-ao-pais-brasileiros-sofrem-sindrome-do-regresso.shtml

segunda-feira, 5 de março de 2012

Destaque na CeBIT, Brasil tenta se vender como polo tecnológico



A maior feira de tecnologia e comunicação do mundo, a CeBIT, será aberta nesta segunda-feira em Hannover, na Alemanha, com o Brasil na posição de destaque, como país-parceiro do evento deste ano.

Com direito à presença da presidente Dilma Rousseff, que discursará na abertura ao lado da chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, o Brasil tenta aproveitar a oportunidade para vender ao mundo uma imagem de polo importante de produção de tecnologia.

Nos últimos anos o Brasil consolidou sua imagem como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de commodities, mas o país espera também ganhar espaço no mercado para produtos com alto valor agregado, como no setor de tecnologia.

Segundo o governo brasileiro, o país é hoje o sexto maior mercado consumidor do setor de tecnologia e comunicação, mas a produção atualmente é voltada principalmente para o consumo interno.

"A promoção da inclusão digital e do acesso ao conhecimento encontra-se entre as prioridades do atual governo. Por isso é tão importante para o Brasil ser o país-parceiro da CeBIT 2012. Nós vamos poder mostrar ao mundo a capacidade brasileira de desenvolvimento e produção em tecnologia de informação e comunicação (TIC) e com isso atrair investimentos para a área", disse à BBC Brasil o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, Rubens Gama.

Segundo ele, o país já tem hoje expertise em algumas áreas do setor, especialmente em aplicações ligadas ao setor financeiro e de segurança bancária e na indústria do software customizado, desenvolvido de acordo com as demandas específicas do cliente.

O diplomata também aponta o chamado e-government, ou governo eletrônico, como uma área na qual o Brasil vem sendo reconhecido pelo seu avanço - com o pioneirismo na realização de votações com urnas eletrônicas e na coleta e no processamento de informações tributárias.

"Em ambas, o Brasil atingiu um nível de excelência global, e ambas podem agregar valor à imagem do país nesse setor", afirma.

Oportunidade de negócios

Para os representantes das empresas do setor, a participação brasileira na CeBIT deste ano será também uma oportunidade única de negócios.

"Nossa participação está baseada em dois pilares - o reforço da imagem do Brasil como um mercado avançado de TIC e a oportunidade de negócios para as empresas brasileiras", observa Djalma Petit, diretor de mercado da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), que vem organizando a participação brasileira na CeBIT há 13 anos.

Para ele, o Brasil vive "um paradoxo", com um dos maiores mercados produtores de tecnologia do mundo, mas com exportações ainda tímidas, já que a produção hoje atende basicamente o consumo interno.

Segundo a Softex, o setor de tecnologia brasileiro gerou um faturamento de US$ 171 bilhões em 2010 e está em crescimento acelerado. A associação espera um avanço de 6% no setor neste ano.

'Inversão da lógica'

O governo brasileiro estima que até 2020 o setor de tecnologia e comunicação deverá representar 6% do PIB brasileiro.

"O setor de TICs é central hoje em dia para a economia mundial.", observa Rubens Gama. "Na crise de 2008, por exemplo, enquanto muitos setores demoraram dois anos e meio para recuperar os níveis de faturamento do período imediatamente anterior, o setor de TICs recuperou o faturamento pré-crise em menos de seis meses. O setor está em expansão e seguirá assim", afirma.

Segundo ele, o Brasil deve investir em parcerias com outros países com produção avançada de tecnologia para melhor aproveitar suas capacidades específicas.

"A cooperação é mais produtiva para o Brasil do que a competição direta", observa, apontando o exemplo da Índia, que tem alta produção de softwares padrões, mas pouca capacidade instalada para customização, como tem o Brasil.

"Para aumentar as exportações brasileiras, seria interessante, por exemplo, uma eventual parceria com a indústria indiana, na qual esta fornecesse os códigos padrões e o Brasil entrasse com a customização", afirma.

"Com isso, poderíamos abrir um excelente mercado no Sudeste Asiático, na China e, eventualmente, até o Japão, já que a Índia possui extensas carteiras de clientes nessa região. Para os indianos, a parceria com o Brasil poderia abrir mercados na América Latina para seus serviços primários - com a finalização do produto dada pelo Brasil", diz.

Segundo ele, essa seria "a inversão da lógica dos produtos básicos, onde o Brasil entra com a parcela mais primária da agregação de valor".

Petrobras e Embrapa

Segundo Djalma Petit, da Softex, o grande avanço da participação brasileira na feira deste ano é a presença nos diversos setores temáticos da CeBIT.

Os cerca de 130 expositores brasileiros, entre empresas e instituições privadas e governamentais, estarão distribuídos em seis pavilhões diferentes pela feira de acordo com suas áreas de atuação - um para soluções para educação e outros setores, um para sistemas eletrônicos de governo, um para tecnologias de telecomunicações, um para tecnologias para o setor financeiro, segurança e certificados digitais, um pavilhão para as indústrias-chave de petróleo e agricultura e um para jogos e TV digital.

Entre as empresas brasileiras presentes estarão também as estatais Petrobras, apontada como uma das líderes no desenvolvimento de tecnologias para perfuração de poços de petróleo em águas profundas e na produção de biocombustíveis, e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que tem mostrado avanços no setor de tecnologia voltada à agricultura.

A CeBIT, que vai até o dia 10 de março, conta neste ano com cerca de 4.200 expositores de 70 países e estima cerca de 350 mil visitantes ao longo do evento.

Fonte:http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/03/05/destaque-na-cebit-brasil-tenta-se-vender-como-polo-tecnologico.jhtm


quinta-feira, 1 de março de 2012

Samsung quer iniciar produção em massa de telas flexíveis ainda em 2012

Coreana, que tinha planos de lançar primeiros aparelhos com telas OLED flexíveis ainda este ano, não tem data certa para iniciar produção



A fabricação em massa de telas OLED flexíveis daSamsung deve começar ainda em 2012. Um representante da empresa afirmou que o plano da coreana é iniciar a produção das telas em suas fábricas ainda este ano, mas ainda não tem uma data certa para começar, segundo oSlashgear.
A empresa não divulgou quais são os dispositivos que devem ganhar modelos com telas flexíveis, mas a Samsung já mostrou protótipos de smartphones com elas, e tablets também devem ser beneficiados com a tecnologia.
No ano passado, a Samsung afirmou que o lançamento dos primeiros dispositivos com telas flexíveis estava previsto para 2012, mas a produção em massa ainda não começou, o que pode atrasar a entrega dos aparelhos.
Além da Samsung, a Nokia também tem planos de usar as telas flexíveis em seus dispositivos. No fim do ano passado a finlandesa mostrou o Human Form, um smartphone conceitual que pode ser torcido pelos usuários para realizar suas funções.

 
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