A cidade de Florença vista do alto de um mirante.
A viagem também teve as suas peculiaridades. O guia, agora era um espanhol, um basco, de fino humor e ironia. Nos deu um verdadeiro show de cultura italiana. Pelo que percebi, tanto o sonho de Dante, quanto o de Maquiavel, em torno da unificação italiana, ainda não está totalmente realizado. Pode ser um fato real, mas em termos de unidade efetiva, pouco existe. Podem contratar outro Virgílio para sedimentar esta unidade por um espírito patriótico. Nos falou que no sul domina a máfia e no norte os políticos. Deve dar muita diferença! Eles só se unem quando é para ir contra Roma. Essa é a única unanimidade que existe. Os bairrismos são fortíssimos, com um destaque todo especial para Nápoles. Nem uma língua nacional eles tem. Nos disse um garçom em Roma: eu não falo o italiano, eu falo o romano. E, com muito orgulho.
Vista do campanário do Duomo de Florença.
Do bairro de Dante rumamos para a Piazza della Signoria, o verdadeiro centro da cidade. Uma espécie de Boca Maldita, usando o comparativo curitibano. Tudo acontecia nesse local. Falar de Florença é falar dos Médici, especialmente de Cosimo. Nesta praça encontrava-se a estátua de Davi, esculpida por \Miguel Ângelo. Até 1873, a original. Depois foi substituída por uma cópia. Também tem uma estátua em que Davi vence o gigante Golias, simbolizando a humildade da cidade.
Uma réplica da estátua de Davi, na Piazza della Signoria.
Da praça seguimos, agora já margeando o rio Arno, o rio da vida e da morte de Florença, vida pela água e morte por suas enchentes, até a mais famosa de suas pontes. A Ponte Vecchio, cuja construção data de 1345. A ponte era um importante local de encontro de mercadores e que já em 1593 se tornou um ponto elegante, com os seus ourives e joalheiros. Até hoje a ponte é ocupada por joalherias. Na época do Renascimento o rio Arno era aquilo que hoje se chamaria de lixo a céu aberto.
Numa encarnação prévia eu já tinha ido dar oi pro Davi de Michelangelo na Accademia, e já tinha percorrido o corredor mágico da Galleria degli Uffizi. Mas nesta nova ida a Florença fiz questão de voltar aos dois museus: